10 de dez. de 2010

Soneto I

A meu pai




Deitado, parado, quieto e torto
Na mais agoniante calmaria,
Que embora eu soubesse que dormia,
O teu corpo, pai, parecia morto.

Sonhos escuros te deixavam absorto,
O que meu pai assim te infligia,
Tenho certeza, ela a mim viria
E sofrer contigo é até um conforto.

Dos pecados que fosses pioneiro,
Serei o excomungado derradeiro,
Último elo de uma prisão genética.

Não só herdei o sangue de assassino,
Também, eu, me matei quando menino.
Seguir teus passos foi questão de ética!







"Não vos esqueçais de comentar no blog do Escritor analfabeto" - Machado de Assis, últimas palavras.