10 de dez. de 2010

Soneto I

A meu pai




Deitado, parado, quieto e torto
Na mais agoniante calmaria,
Que embora eu soubesse que dormia,
O teu corpo, pai, parecia morto.

Sonhos escuros te deixavam absorto,
O que meu pai assim te infligia,
Tenho certeza, ela a mim viria
E sofrer contigo é até um conforto.

Dos pecados que fosses pioneiro,
Serei o excomungado derradeiro,
Último elo de uma prisão genética.

Não só herdei o sangue de assassino,
Também, eu, me matei quando menino.
Seguir teus passos foi questão de ética!







"Não vos esqueçais de comentar no blog do Escritor analfabeto" - Machado de Assis, últimas palavras.

23 de nov. de 2010

Imparabilíssimo



Eu não paro!
Caí, torci o pé, mas não parei...                                                 
Nunca paro.
Continuo petulante.
Realizo sempre o... (?)... Não sei o que realizo, mas faço
Cumpro com um propósito megalomaníaco, vazio de projetos,
Quando decidem que eu mude de direção,
Eu não paro. Mudo, mudo.
Mesmo quando, para mim,
Não existe nenhuma melhora
Ainda sim, eu não paro.
...
Por que se parasse eu pensava
E se pensássemos
Ai é que vocês parariam mesmo.


Twitter analfabético ( Tem menos erro de português que o twitter da mulher-pera )

29 de out. de 2010

Hipocrisia


Ser hipócrita é dizer qualquer coisa
Que não seja tão real quanto um ‘ te desejo’.
Não parar o que faço quando te vejo
E apreciar o andar de suas pernas,
É o maior sinal de minha falsidade.

Posso até aparecer tagarelando
Como quem não quer nada,
Mas eu tenho te observado
Com a fome de um menor abandonado,
Com a cobiça selvagem
De um delinqüente deixado a margem,
Quando vê uma rica senhora parada.

Sei muito bem fingir que não quero,
Também sei parecer confiante,
Me aproximar parecendo distante.
Covardia, não é?

Hipocrisia é dizer ‘Até logo’
Quando tudo que penso
Que na verdade queria fazer
É me aproximar bem de fininho,
Te levar para um cantinho
E poder ficar com você.





25 de set. de 2010

DEVERIA FAZER O QUE FIZ



Não deveria fazer versos
E muito menos poesia,
Pois escrever o que não pode ser lido
Parece ser suicídio.

Mas se eu tivesse bom senso
Nunca que seria poeta.

Eu deveria me esquivar de teus olhos,
Parar de desejar teu pescoço
E não querer me afogar em teu corpo - todo-
Você me parece uma excelente forma de suicídio.

Mas se eu fosse sábio,
Ao ponto de te evitar,
Nunca seria poeta.

Eu deveria ficar calado,
Manter a poesia em silêncio,
Mas sufocar o que me mata
É definitivamente um suicídio absurdo.

Se eu falo, morro,
Se eu calo, morro,

Acho que se no final eu ficasse vivo
Nunca que seria poético.

22 de ago. de 2010

Minha perfeição




Aos poucos foram calando meus defeitos,
Calmamente padronizaram os meus atos,
Transformaram meus achismos em fatos,
Me escalaram para o time dos perfeitos.
               
Todo meu tempo foi considerado importante,
Com uma ferramenta na mão, a todo instante,
Disseram que eu era necessário
E eu sempre, sempre fazia meu trabalho.

Disseram que meu trabalho era sagrado,
Eu só queria ter uma alma profana,
Se a liberdade é minha mão em calos
Eu prefiro ficar de cana! 

14 de ago. de 2010

Morpheus



Dormir?
Não posso dormir
Estou trabalhando!
É difícil...
Lutar para viver
E se esquecer da vida.

Ah! Mas agora acabou
- Livre-
Para fazer tudo o que quiser.

Vou para a casa,
Desabo na cama,
Fecho os olhos.

Dormir?
Não posso dormir,
Estou com insônia!

1 de jan. de 2010

Feliz ano Novo !!!

Começa claro, mesmo estando de noite,
Ao zero todos os fogos explodem
E com fogo o mesmo que o ano termina,
Com esse fogo o ano começa.
Não vou falar da multidão de pessoas frenéticas,
Ávidas em saciar seus prazeres hedonistas
Muito menos dos que romperam o ano trabalhando,
Ou os esquecidos que nem o brilho da meia noite pode ver
Tamanha era a escuridão de sua vida.
Quero falar para todos, é um desejo democrático...
Para os belos, feios, playboys, policiais, padres, presos,
Pedreiros, pastores, professores, prostitutas e prostituídos,
Eu quero desejar a nós, aquela massa do réveillon,
A todos nós, “pessoas frenéticas”
Que o ano de 2010 passe sem muita pressa.